sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Justiça da Internet: O caso Aranha

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Ainda este ano vimos muito a chamada “Justiça das Ruas”, onde as pessoas fazem justiça com as próprias mãos. E no mundo da internet existe também a chamada “Justiça da Internet” que várias vezes é ainda mais cruel que a praticada nas ruas. Isso porque na Justiça da Internet, milhares de internautas agridem sem se importar com as consequências.

Hoje (Sexta-feira 29 de agosto), estamos vivendo um desses casos de Justiça da Internet com o Caso Aranha. Durante o jogo entre Santos e Grêmio pela Copa do Brasil nesta quinta-feira, uma torcedora gremista foi flagrada xingando o goleiro Aranha, de "MACACO". Após o término da partida, o goleiro do Santos revelou que outros torcedores também o xingaram de "preto fedido" entre outras coisas.

Torcedora xingando Aranha:

 

A torcedora foi flagrada pela transmissão da ESPN ganhando repercussão nacional na web e imediatamente não demorou muito para que internautas achassem e começassem o linchamento moral contra a gremista. Sendo que a câmera filmou apenas ela, mas parte da torcida do Grêmio estava fazendo o mesmo. Com medo de punição (ou também contra o Racismo), os diretores do Grêmio disseram que vão fazer de tudo pra identificar os torcedores.

Não é a primeira vez que isso acontece no Rio Grande do Sul. Durante o campeonato gaúcho o Tribunal de Justiça Desportiva do Rio Grande do Sul puniu o Esportivo com nove pontos por bananas atiradas no carro de Márcio Chagas da Silva na partida contra o Veranópolis, o que causou o rebaixamento do time no campeonato regional. Esta vergonha, suja não apenas as torcidas, mas também a região sul do Brasil, onde a maioria dos casos acontece.

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Assim como ocorreu em outros casos famosos neste ano de racismo contra jogadores, a internet se mobilizou para defender Aranha. Desde o final do jogo, a hashtag #FechadoComOAranha lidera os trending topics (assuntos mais comentados) no Twitter no Brasil.

Foi o mesmo que aconteceu com o volante Tinga, do Cruzeiro, xingado de macaco por torcedores do Real Garcilaso, do Peru, que gerou a campanha #FechadoComOTinga. Ou com o brasileiro Daniel Alves, que comeu uma banana atirada por um torcedor, redundando na hashtag #SomosTodosMacacos.

Mas como sempre acontece, a comoção e apoio virá ódio e a repreensão do racismo vira intolerância e violência.

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Tudo começa com a ampla veiculação da imagem da torcedora, que em menos de uma hora já foi identificada. O nome da garota é Patrícia Moreira e mora em Porto Alegre, rapidamente ela deletou sua conta no Facebook, mas o Instagram dela foi revelado. Em seguida, começou o linchamento moral. Suas contas no Twitter e no Instagram foram tomadas de críticas e xingamentos, inclusive de conotação sexual. O que, diga-se de passagem, é tão errado quanto chamar o goleiro de macaco.

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Em seu Instagram foi encontrada esta imagem também racista

Lembra bastante o que aconteceu com a estudante de direito Mayara Petruso em 2010. Logo após a eleição de Dilma Rousseff para o Planalto, ela disse que “nordestino não é gente”, em alusão ao alto índice de votos que a presidente conseguiu na região. A reação contra ela foi tão grande que o caso ganhou repercussão nacional, fazendo com que perdesse seu emprego e fosse condenada a quase dois anos de prisão, pena que foi revertida em multa e prestação de serviços comunitários.

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Ao final da partida, o goleiro mostrou indignação com o episódio. "A torcida xingar é normal, mas começaram com palavras racistas: 'preto fedido', 'cambada de pretos', essas coisas. Fiquei nervoso, mas estava me segurando. Foi aí que começou um pequeno coro de 'macaco'", relatou Aranha. "Quando me chamaram de macaco, de preto, bati no braço e disse que sou preto, sim. Sou negrão, sim", revelou.

Assim como Mayara foi punida, o mesmo deve ocorrer com a torcedora gremista. Mas não podemos achar que são as únicas a pensar e agir como elas e devem servir de bodes expiatórios, tampouco que está liberado fazer contra ela o mesmo que ela fez com Aranha. Certamente a torcedora não foi a única a chamar o goleiro de macaco, e a missão do Grêmio e da polícia é descobrir quem são os outros, ou parte deles.

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A maneira mais correta a meu ver é punir o próprio clube, (mesmo que ele não tenha culpa) para que ele mesmo reeduque seus torcedores e estas ações e reações deploráveis sejam apagadas do futebol brasileiro. E também os torcedores (todos) devem ser acusados de racismo, porque racismo é crime (LEI Nº 7.716, DE 5 DE JANEIRO DE 1989.). Por um lado foi feito Justiça, levando o assunto a todo o país, mas por outro houve mais uma reação descontrolada de rancor e ódio contra apenas uma pessoa. Como dizem, “A Internet não Perdoa”.

Fonte: Folha.com, Meu Timão

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